por Silvio Lourenço, em 31/03/2006
Na mesma e sempre dura hora,
nunca se demora,
madrugadora,
a filha de Dora, agora,
barriga de fora, mãos ainda suaves e um olhar onde explode tristeza
e esconde sua vertiginosa beleza,
na vida ingrata vem catando lata numa luta tola.
Natália cata latinha
pra mais tarde comê farinha
e meia salsicha se sobrar.
Vem batendo latinha com latinha,
de coca, guaraná.
Seu saco negro é um grande chocalho,
balaio de tensões intraduzíveis:
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá,
balançando lentamente o barulho de lata amassada,
alumínio mínimo da vida que passa,
que amassa
latinha
e amassa
Natália, a menina.
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá,
balançando lentamente o barulho de lata amassada,
alumínio mínimo da vida que passa,
que amassa
latinha
e amassa
Natália, a menina.